Cavaleiros do Apocalipse

Cavaleiros do Apocalipse

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Os Quatro Cavaleiros são personagens descritos na terceira visão profética do Apóstolo João no livro bíblico de Revelação ou Apocalipse. Os quatro cavaleiros do apocalipse são PesteGuerra,Fome e Morte.

Contexto[editar | editar código-fonte]


Os quatro Cavaleiros do Apocalipse, por Viktor Vasnetsov(1887).
Após contemplar toda a estrutura da organização celestial de Deus, João vê em sua mão direita umrolo (manuscrito enrolado em formato cilíndrico) com sete selos.1 Em seguida Jesus Cristo(descrito como o Leão da tribo de Judaa raiz de Davium cordeiro em pé, como se tivesse sido morto) tira o rolo da mão direita do sentado no trono.2 Esses cavaleiros começam suacavalgadura por ocasião da abertura do primeiro desses sete selos e a cada selo aberto um cavaleiro aparece no total de quatro.3 Há interpretações que associam esses eventos com os descritos nas visões do profeta Daniel que se iniciam no final das 70 semanas e cavalgam até a Grande tribulação findando no Armagedom.

Simbologia relacionada[editar | editar código-fonte]


Albrecht Dürer - Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.
Como em outros livros de profetas bíblicos como Isaías, Daniel e Ezequiel aspectos da narrativa como local, tempo, quantidade, personagens envolvidos e referências são vistos de forma simbólica e muitas vezes interpretados de maneira relacionada a outras passagens bíblicas e acontecimentos passados ou atuais.
  • O número quatro na simbologia numérica bíblica representa quadrangulação em simetria, universalidade ou totalidade simétrica,4 como em quatro cantos da Terra,quatro ventos. Vemos isso também em outros textos (Apocalipse 4:6; 7:1, 2; 9:14; 20:8; 21:16), provavelmente tornando esses quatro Cavaleiros parte de um único evento relacionado.
  • Cavalos e cavaleiros: Em muitas culturas, o cavalo é símbolo de impetuosidade e impulsividade relacionadas com os desejos humanos, além de ser associado com água e fogo por serem muitas vezes incontroláveis. Também é tido como a relação com o divino servindo de guia de almas, sendo muitas vezes enterrados junto com seus donos. Exprime também vigor e viriliade, por vezes simbolizando a juventude. No contexto histórico, principalmente nos campos de batalha, o cavalo era treinado muitas vezes para matar soldados com suas patas ou sua boca,5 portanto nessa narrativa esses cavalos e seus cavaleiros podem representar (e muitas interpretações os descrevem assim) uma cavalgada (campanha) com toques de guerra trazendo suas consequências por onde passam.
  • As cores dos cavalos dizem muito dos respectivos cavaleiros como:
    • Branco - Pureza, santidade, régio;
    • Vermelho - Sangue, assassinato, guerra;
    • Preto - Obscuridade, peste, maldição;
    • Descorado (verde-água ou baio) - Corpo em decomposição, morte.
  • Seus apetrechos mostram característica a respeito do papel que desempenham ou a consequência de sua cavalgada:
    • Arco e coroa - Símbolo da guerra e do poder;6
    • Espada - Principal arma dos exércitos antigos, usada como símbolo de assassinato;
    • Balança - No contexto denota desigualdade ou injustiça (no caso de alimento);
    • Jarra - Traz a peste dentro.
  • Ordem em que são chamados revela uma sucessão progressiva, pois eles não são chamados ao mesmo tempo, levando muitos a associar essa visão com acontecimentos do início do século 20, chegando à conclusão que o final das "Setenta Semanas" seria 1914, o primeiro cavaleiro Jesus Cristo e os outros cavaleiros sinais de sua presença.(Mateus 24:3, 21)
  • Quem os chama são quatro "criaturas viventes cheias de olhos"7 ou querubins que estão "em volta do trono, em cada um dos seus lados"8 (i.e do trono de Deus). É provavel que não se refira a um número literal, mas representa toda a classe angelical desse grupo, ou dos que desempenham a mesma função. Cada um é desctrito como tendo a cabeça, ou aparência, distinta.9
    • …a primeira (…) semelhante a um leão - O leão é símbolo do poder e da justiça.6 É também associado ao atributo divino da justiça.10 Na visão prófetica de Ezequiel sobre o templo de Deus, ao redor do trono ele também vê quatro querubins com quatro faces, sendo uma dessas face de leão.11
    • …segunda (…) semelhante a um novilho (ou um touro) - Símbolo de força,6 também representado como um atributo divino,12 e uma das faces dos querubins vistos por Ezequiel.13
    • …terceira (…) tem rosto semelhante ao de homem - O homem dentre as criações é o únicosemelhante a Deus,14 e capaz de amar ou de imitar essa qualidade inerente dele.15
    • …quarta (…) semelhante a uma águia voando - Dentre outras atribuições a águia é bastante conhecida por sua excelente visão16 ou como símbolo de sabedoria, perspicácia ou discernimento.6 Também é símbolo da sabedoria divina e uma das faces dos querubins vistos por Ezequiel.
Como um todo esses querubins podem representar a ação ou manifestação conjunta (ou completa) dos atributos principais de Deus, tanto que são eles que chamam os quatro cavaleiros.
  • Sete selos (ou sinete) e o rolo - o selo era usado como sinal de autenticidade ou garantia a privacidade do documento levando uma marca.17 O número sete é considerado um número sagrado e representa inteireza6e o rolo (ou livro) era usado como símbolo de decreto, pronunciação ou onde estão anotados6 o conjunto desses símbolos denotam que esse rolo contém uma pronunciação inteiramente autêntica de acordo com seu contexto bíblico.

Características individuais[editar | editar código-fonte]

Peste[editar | editar código-fonte]

Fl- 108v Apocalypse do Lorvão, Os Quatro Cavalleiros.jpg
Diz a Bíblia que ele é o mais Seguido de todos, o que remete a Zacarias 10:3-5, onde o profeta reúne seu "rebanho" e segue após ser "coroado", travando batalhas contra seus inimigos(pregando). Este cavaleiro faz pensar nos partos ("Feras da terra"), cuja arma característica era o arco, terror do mundo romano no século I (cf. Dt 7,22; Jr 15,2-4 e 50,17; Ez 34,28 e 9, 13-21)[carece de fontes]
Cquote1.svgE eu vi, e eis um cavalo branco; e o que estava sentado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo e para completar a sua vitória.Cquote2.svg
Apocalipse 6:2
Observação: A palavra "arco" pode significar (em lugar do "arco-e-flecha" representado na figura acima) um arco da morte, fenômeno de muita representatividade simbólica, também associado por seitas pagãs, segundo estudiosos, à figura do Anticristo. O arco-íris, nessa esteira, representaria a ligação da mente do homem com as forças cósmicas - as quais, de acordo com a Bíblia (Efésios 6:12), seriam "forças espirituais da maldade"18 .

Guerra[editar | editar código-fonte]

O Cavaleiro do Cavalo Vermelho, que tem uma Grande Espada, símbolo das guerras sangrentas. Acredita-se que o mesmo representa os flagelos, os meios pelos quais "Deus" castigaria e oprimiria os adoradores da besta e do falso profeta.
Cquote1.svgE saiu outro, um cavalo cor de fogo; e ao que estava sentado nele foi concedido tirar da terra a paz, para que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.Cquote2.svg
Apocalipse 6:4

Fome[editar | editar código-fonte]

O Cavaleiro do Cavalo Negro, carrega consigo uma Balança e traz com isso, segundo uns, a justiça (proteção aos justos), segundo outros (a maioria dos estudiosos) o colapso econômico e a fome, pois a balança seria símbolo dos alimentos racionados e dos preços exorbitantes.
Cquote1.svgE eu vi, e eis um cavalo preto; e o que estava sentado nele tinha uma balança na mão. E eu ouvi uma voz como que no meio das quatro criaturas viventes dizer: "Um litro de trigo por um denário, e três litros de cevada por um denário; e não faças dano ao azeite de oliveira e ao vinho.Cquote2.svg
Apocalipse 6:6
A fim de comparação, é válido destacar que o denário era uma pequena moeda de prata que era a de maior circulação no Império Romano. É geralmente aceito que no fim da República Romana e no início do Principado, o denário correspondia ao salário diário de um trabalhador. Com um denário era possível comprar em torno de 8 quilos de pão.

Morte[editar | editar código-fonte]

O Cavaleiro do Cavalo Baio (amarelo-esverdeado: a cor do cadáver que se decompõe), traz consigo a morte, a privação do plano terrestre, sendo ele o último cavaleiro.
A tradição popular perpetuou a ideia de que este último animal seria uma égua esquálida e não um cavalo. A citação do Inferno que a acompanha é, tradicionalmente, representada pelo Leviatã a engolir as vítimas, destinadas à morte eterna.
Cquote1.svgEntão ouvi a quarta Criatura:"Venha" e apareceu um cavalo baio,o nome do cavaleiro era Morte e o Inferno o seguia de perto.Cquote2.svg
Apocalipse-6:7

Os cavaleiros e suas cavalgaduras[editar | editar código-fonte]

Os cavaleiros e seus cavalos, tal qual são descritos na Bíblia:
Cor do CavaloSimbolismo da corCavaleiroPoderSimbolismo do CavaleiroDescrição original grega
Branco/cinzaFalsa inocência/ paz disfarçada.[carece de fontes]Tem um arco (ou um arco-íris), uma coroa e uma máscara.Conquistar.Anticristo, o falso Cristo, a falsa religião.ίππος λευκός (híppos leukós), o Cavalo Branco
VermelhoO sangue derramado no campo de batalha.Porta uma espada.Traz a guerra.Guerra, destruiçãoίππος πυρρός (híppos pyrrós), o flamejante Cavalo vermelho
PretoEscuridão, planícies desertasPorta uma balançaEscassez de alimentosPenúria, fome, trocas injustasίππος μέλας (híppos mélas), o Cavalo Negro
AmareloA cor do cadáver que se decompõePorta um tridente, um alfanje ou umagadanhaDestruir pela guerra, pela fome, pela peste, etc.Morteίππος χλωρός, θάνατος (híppos khlōrós, thánatos), o Cavalo verde pálido, chamado Morte
NB: Mesmo que, muitas vezes, o cavaleiro branco seja interpretado como o Anticristo, o livro do Apocalipse não o nomeia como tal.
NB: O livro do Apocalipse também não faz menção a cor dos cavaleiros e sim dos respectivos cavalos, quando o livro do Apocalipse faz menção a Jesus ele o menciona como tendo barba e cabelos brancos como a neve.

Algumas interpretações[editar | editar código-fonte]

Sendo um livro profético, o Apocalipse usa de linguagem simbólica para representar diferentes fatos. Tal fato não é diferente com relação aos quatro cavaleiros. Tal linguagem simbolica permite grande número de interpretações [2], por diferentes pessoas e diferentes correntes cristãs. Como principais interpretaçõespodem ser consideradas as seguintes, por serem as que tem maior quantidade de adeptos:
  • Visão temporal: Os quatro cavaleiros representariam eventos da época em que a "profecia" teria sido escrita. O primeiro cavaleiro representaria a esperança de derrota dos romanos (e consequentemente o término da perseguição aos cristãos) por povos vindos do oriente, provavelmente os alanos, que eram famosos arqueiros (notar a descrição de Apocalipse 6. 2, que diz "cavaleiro com um arco"). Os demais cavaleiros indicariam a queda dos romanos. (esta interpretação é a que tem menos adeptos religiosos, porém a mais aceita nos meios céticos).
  • Visão futurista: A mais comum entre os cristãos protestantes. Os quatro cavaleiros representariam os quatro primeiros eventos do "fim do mundo". O primeiro seria um grande líder que conquistaria grande poder e autoridade (motivo pelo qual muitos o identificam como o AntiCristo), o segundo significaria uma "guerra mundial" entre o homem representado pelo primeiro cavaleiro e aqueles que não aceitariam a sua dominação, o terceiro seria a "fome" ou racionamento de alimentos, causada por estes se tornarem raros com a guerra, e o quarto seria uma grande crise de mortalidade, como uma consequência dos cavaleiros anteriores.
  • Visão interpretativa: Os quatro cavaleiros representariam os períodos históricos da igreja cristã. Onde o primeiro cavaleiro seria o "cristianismo original", que "conquistaria" grande número de seguidores, após isto, os muitos seguidores de Cristo se separariam e começariam a brigar ("guerrear") pelo direito de interpretar os ensinos e as crenças cristãs (muitos consideram como o período dos primeiros Concílios), o terceiro cavaleiro representaria a "fome pela Palavra de Deus" (ver Amós 8. 11), ocasionada pelos muitos líderes que ocultariam tal ensino (muitos considerando este período como a época da Idade Média) e o último cavaleiro seria a "morte espiritual", causada pela propagação de falsas doutrinas e religiões que substituiriam o verdadeiro cristianismo (muitos considerando que tal período se iniciaria com a Reforma protestante e seguiria até o "fim dos tempos"), o que levariam as pessoas diretamente para o "inferno" (notar a descrição deste cavaleiro de Apocalipse 6.8 que diz: "e o inferno o seguia").19

Referências

  1. Ir para cima Revelação 5:1,2
  2. Ir para cima Revelação 5:5-9
  3. Ir para cima Revelação 6:1-7:17
  4. Ir para cima Javane, F; Bunker, D. Numerologia e o Triângulo Divino, a (em português). [S.l.]: Pensamento. 113, 117 p. ISBN 85-315-0786-3
  5. Ir para cima Chevitarese, AL; Cornelli, G. Judaismo, Cristianismo e Heleninsmo (em português). [S.l.]: Annablume. 145 p. ISBN 85-7419-714-9
  6. ↑ Ir para:a b c d e f Lexikon, H. Dicionário de símbolos (em português). [S.l.]: Cultrix, 1998. 22, 183, 125, 121, 193, 14 p. ISBN 85-316-0129-0
  7. Ir para cima Revelação 4:6b
  8. Ir para cima Bíblia na Linguagem de Hoje On-line
  9. Ir para cima Revelação 4:7
  10. Ir para cima Oséias 5:14; 11:10; 13:7-9
  11. Ir para cima Ezequiel 10:14
  12. Ir para cima Salmos 62:11; Isaías 40:26
  13. Ir para cima Ezequiel 1:10
  14. Ir para cima Gênesis 1:26
  15. Ir para cima 1 João 4:8
  16. Ir para cima Jó 39:29
  17. Ir para cima Mallalieu, H. História ilustrada das antiguidades (em Português). [S.l.]: Nobel, 1999. 339 p. ISBN 85-213-1049-8
  18. Ir para cima [1]
  19. Ir para cima www.4tons.com/7816.doc

fonte Wikipédia, a enciclopédia livre