NOÇÕES DE HERMENÊUTICA / HOMILÉTICA

PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA, E HOMILÉTICA - ESTUDANDO E COMPREENDENDO AS SAGRADAS ESCRITURAS, PARA FALAR AOS HOMENS
              
               Adaptado para o Curso Suplementar de Teologia da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Boa Vista I – Barra Mansa – Rio de Janeiro.
               Formulo a presente Apostila, com o desvelo que merece a obra do divino Mestre, a fim de que a mesma possa ser uma vívida lembrança do nosso compromisso com DEUS, com a IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, com a nossa família, e conosco mesmo.
               Nossa mais sincera oração a Deus é no sentido de que, ao longo desse estudo, você, prezado aluno, seja feito melhor cidadão não só do céu, mas também da sua própria pátria, mostrando um comportamento irrepreensível diante de Deus e dos homens na sociedade.

               SUMÁRIO HERMENÊUTICA

               Introdução

Primeira Lição  => Hermenêutica Bíblica
A necessidade do estudo da Hermenêutica; Princípios Hermenêuticos entre os Judeus; Hermenêutica da Igreja Cristã; Hermenêutica no período histórico-crítico.

Segunda Lição => A Concepção Própria da Bíblia;
O porquê das escrituras; A inspiração das escrituras; Harmonia e unidade das escrituras; A prova da inspiração das escrituras;

Terceira Lição => Particularidade do Texto Bíblico, Conhecendo a Bíblia Gramaticalmente; Composição da Bíblia; Primeiro Grupo de Recursos Literários;

Quarta Lição => Particularidades do Texto Bíblico;
Parábolas; Tipos; Símbolos; Poesias; Profecias.

Quinta Lição => Princípios Históricos de Interpretação
Regras da Primeira a Quinta;

Sexta Lição => Princípio Teológico de Interpretação; Regras da Primeira a Quarta;

Sétima Lição => A Regra Fundamental;
Regras da Primeira à Sétima; Exegese.

SUMÁRIO HOMILÉTICA

Primeira Lição  => Definição
A Origem da Homilética; A Pregação na Igreja Primitiva; A Arte de Expressão; O Aprimoramento dos Conhecimentos Gerais
O Desenvolvimento da Vida Espiritual.

Segunda Lição => O Pregador
Piedade e Devoção; Sinceridade e Humildade; Honestidade e Seriedade
Coragem e Otimismo; A Oração na Vida do Pregador; Opiniões sobre a Pregação Bíblica.

Terceira Lição => Tema
Formas de Temas; Tipos de Temas; Qualidades de Temas
Requisitos Importantes para a Escolha de Temas

Quarta Lição => Sermão
Introdução; Fontes; conclusão

Quinta Lição => Espécies de Sermões
Sermões Temáticos; Sermões Textuais; Sermões Expositivos.

HERMENÊUTICA

               Nestes últimos anos tem-se popularizado a idéia errônea de que não precisamos interpretar a Bíblia, mas apenas lê-la e fazer o que diz. Exatamente pela frequência com que esta questão é levantada, vê-se nela um pretexto contra aqueles que fazem mais do que ler a Bíblia, contra aqueles que a estuda procurando encontrar nela a mente de Cristo e interpretá-la ao alcance da Bíblia, qualquer pessoa pode lê-la e entendê-la com a ajuda do Espírito Santo de Deus.
               Concordamos que os cristãos devem aprender a ler a Bíblia, crer nela, e obedecê-la. E concordamos especialmente que a Bíblia não precisa ser um livro obscuro, se for corretamente estudado e lido. Na realidade estamos convictos que o problema individual mais sério que as pessoas têm com a Bíblia não é a falta de entendimento, mas, sim o fato de que entende bem demais a maior parte das coisas! O problema de um texto como: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14), por exemplo, não é compreendê-lo, mas, sim, obedecê-lo e colocá-lo em prática.
                Para um melhor aproveitamento ao longo do estudo dessa matéria, há pelo menos duas coisas, as quais devemos ter em mente:
                A Bíblia é um livro singular, especial, que se distingue dos demais valiosos compêndios de literatura até hoje produzidos.
                Não podemos compreender as Escrituras, por meio apenas da inteligência humana, e sim contemos com a ajuda da ação iluminadora do Espírito Santo que sonda as profundezas de Deus, e esclarece os mistérios da Sua Palavra, quando estes são buscados em oração e exclusivamente para servir a Deus, em defesa do Seu Reino entre os homens.
                Desse modo, o estudo cuidadoso, sadio e constante das Escrituras se impõe como o principal meio do homem natural vir a conhecer a Deus, e a Sua vontade para com a nossa vida, e ao crente conhecer o propósito santificador de Deus para si, e para todos os salvos.
               É a nossa atitude para com aquilo que a Bíblia diz que determinará em grande parte os conceitos e as conclusões que tiramos de seus ensinamentos. Se a temos na conta de autoridade divina e plena nos assuntos de que trata, então suas afirmações positivas constituem para nós a única base da doutrina cristã, e o elemento de apreciação da Hermenêutica Sagrada.
               Pela sua singularidade, a Bíblia não pode nem deve ser interpretada ao bel-prazer do leitor. Tenha ele a cultura que tiver, para captar a mente de Deus e o que o Espírito Santo ensina na Bíblia, necessitamos estudá-la seguindo alguns princípios. Destacaremos entre o grande número universalmente aceito, ao longo desta apostila os seguintes princípios:
               Estude a Bíblia Sagrada partindo do pressuposto de que ela é a autoridade suprema em questão de religião, fé e doutrina.
               Não se esqueça que a Bíblia é a melhor intérprete de si mesma, isto é, a Bíblia interpreta a Bíblia.
               Dependa primeiramente da fé salvadora e do Espírito Santo para a compreensão, e interpretação da Escritura.
               Interpreta a experiência pessoal à luz da Escritura, e não a Escritura à luz da experiência pessoal.
               Os exemplos bíblicos só têm autoridade prática quando amparados por uma ordem que os faça mandamento geral.
               O principal propósito da Escritura é mudar as nossas vidas, não multiplicar os nossos conhecimentos.
               Todo cristão tem o direito e a responsabilidade de interpretar pessoalmente a Escritura, seguindo princípios universalmente aceitos pela ortodoxia cristã.
               Apesar da importância da história da Igreja, ela não chega a ser decisiva na fiel interpretação da Escritura.
               O Espírito Santo quer aplicar as promessas divinas, exaradas nas Escrituras, à vida do crente, em todos os tempos.

PRIMEIRA LIÇÃO
A NECESSIDADE DO ESTUDO DA HERMENÊUTICA

              O termo "hermenêutica" deriva do grego hermeneuo, "interpretar". A Hermenêutica Bíblica cuida da reta compreensão e interpretação das Escrituras. Consiste num conjunto de regras que permitem determinar o sentido literal da Palavra de Deus.
               Segundo registra a história, Platão, o famoso filósofo da Grécia antiga, foi o primeiro a empregar a palavra Hermenêutica como um termo técnico. Desde então, a palavra sugere a arte de interpretar escritos antigos e atuais, sejam de ordem espiritual, ou das ciências, e do direito. Para este fim existe a Hermenêutica com um sentido mais geral.
               Além da Hermenêutica geral como arte de interpretar os fatos da história, da profecia, da poesia e das leis, há ainda outro tipo de Hermenêutica: é aquela a qual particularizamos como “Hermenêutica Sagrada”, ligada essencialmente a compreensão, interpretação da Palavra de Deus. Somente quando reconhecemos o princípio da inspiração divina da Bíblia é que podemos conservar o caráter teológico da Hermenêutica Sagrada.
               Almejamos, através de um estudo dos princípios de hermenêutica oferecidos aqui, ajudar todos a compreenderem e aplicarem melhor os ensinos da Bíblia. Estes princípios são baseados nas "normas de linguagem" que governaram a comunicação por escrita nos tempos bíblicos.
               Nossa intenção é de conhecer melhor o vocabulário, a gramática e os princípios da hermenêutica bíblica que governaram os autores das Sagradas Escrituras. Alcançando este objetivo, vamos compreender e saber viver cada vez melhor a vontade de Deus. O Senhor permitindo, assim viveremos de forma cada vez mais unida, pois é assim que Deus quer que todos seus filhos vivam.
               A necessidade do estudo da Hermenêutica tem como tarefa principal indicar os meios pelos quais será possível determinar as diferenças de pensamento e atitude mental entre o autor de uma determinada obra, no caso um livro bíblico, e o leitor que a lê, no caso da Bíblia sagrada. Não basta entendermos o que pensavam seus autores humanos, mas termos à mente, a divina inspiração quanto ao propósito, e a mensagem do livro bíblico em questão, uma vez que Deus é o seu autor.
               A razão da necessidade => Em decorrência da queda do homem, o pecado apagou a luz divina que nele existia, bloqueando a capacidade original que possuía de reter a revelação divina consigo. Desse modo, pela natural inclinação do homem para o erro, urge a conjugação de esforços no sentido de evitar o erro na interpretação correta e prática da palavra de Deus.
               Apesar das diferenças sociais, culturais, políticas, e idiomáticas entre os homens, fatos que os distinguem e distanciam uns dos outros, a bíblia sagrada não deve ser interpretado ao bel-prazer de quem quer que seja, tenha a pessoa a desculpa que tiver. É aqui que se evidencia a necessidade do estudo da hermenêutica sagrada sadia, como importante elemento auxiliar na interpretação do texto sagrado.

Princípios Hermenêuticos entre os Judeus

              A Bíblia Sagrada como literatura é uma obra proeminente dos Judeus.     
              Judeus Palestinos (escribas) = Devotavam o mais profundo respeito a bíblia da sua época (VT) como a palavra de Deus. Consideravam até mesmo as letras como sagradas. Mas erravam porque exaltava a lei oral, inclusive o hábito de contar as letras. Eles tinham a divisão da Bíblia em três partes LeisProfetas, Escritura. Sendo a lei a parte de maior importância.
              Judeus Alexandrinos = A interpretação era influenciada pela filosofia de Platão (ninguém deve acreditar em algo que seja indigno de Deus, quando eles encontravam algo no VT, que discordava e ofendia a sua lógica, recorriam às interpretações alegóricas) predominante na cidade de Alexandria no Egito.
               Judeus Caraitas (filhos da leitura) = Descendentes espirituais dos Saduceus consideravam a Escritura como única autoridade em matéria de fé, e desprezavam a tradição oral. Os rabinos criaram os estudos massoréticos.
               Judeus Cabalistas = Admitiam que mesmo os versículos, as palavras, as letras, os números, e também os acentos das palavras da lei, que foram entregue a Moisés, tinham poder especial e sobrenatural.
               Judeus Espanhóis = Desenvolveram a exegese da Bíblia, nos séculos XII  a  XV quando o conhecimento do hebraico estava quase nulo, alguns judeus da península de Perenaica restauraram o interesse por uma Hermenêutica bíblica sadia. Fontes essas que são até hoje pesquisadas.  

Hermenêutica na Igreja Cristã

               Período Patrístico => No período dos Pais da Igreja tinha três principais centros de atividade da Igreja: 1-Escola de Alexandria, no Egito, 2-Antioquia, na Síria,  3 - Ocidente.
                  A Escola de Alexandria => No começo do século III d.C. a interpretação bíblica foi influenciada especialmente pela escola catequética deAlexandria, principal centro cultural religioso do Egito. Nessa culturalmente famosa cidade, a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e mutuamente se influenciaram.
              Os principais representantes dessa escola foram Clemente, e o seu discípulo Orígenes. Ensinavam a interpretação alegórica da Bíblia.
              A Escola de Antioquia => Fundada no final do século III, por Doroteu e Lúcio e os discípulos Teodoro de Mopsuéstia e João Crisóstomo (boca de ouro). Consideravam a Bíblia com a infalível palavra de Deus.
              Escola Ocidental => Representada por quatro grandes mestres da Igreja: Hilário, Ambrósio, Jerônimo e Agostinho; Jerônimo é conhecido pela tradução da “vulgata’’ conhecedor das línguas originais da Bíblia.
               O período Medieval => Acontece na idade média, os Cristãos e até mesmo muito dos Clérigos viviam a profunda ignorância quanto à bíblia. O pouco que dela conhecia era somente da vulgata, através de alguns escritos dos pais da Igreja. Nessa época já era grande o número dos cristãos, mas a bíblia era considerada mística, cheia de mistérios. Nesse período o quádruplo sentido da escritura era (Literal, tropológico, alegórico, e analógico), era aceito e foi estabelecido que a interpretação da bíblia tivesse que se adaptar à tradição, e a vontade dos lideres da Igreja.
               O Período da Reforma => O período renascentista que preparou a Europa para a Reforma Protestante, chamou a atenção para a necessidade de se estudar a Escritura, recorrendo aos originais como forma de achar o verdadeiro significado. Reuchlin e Erasmo, famosos cultores do Novo Testamento, foram apóstolos dessa época áurea da Hermenêutica. Eles interpretavam a Bíblia como infalível palavra de Deus, e deram substancial ajuda para o estudo e a pesquisa das Escrituras, o primeiro publicou uma gramática e um dicionário da língua hebraica, usada no Velho Testamento, enquanto o outro escreveu a primeira edição crítica do Novo Testamento em Grego. O quádruplo sentido da bíblia foi gradualmente abandonado, para dar lugar ao principio de que a bíblia deve ser interpretada apenas em um sentido.
               João Calvino considerado o maior exegeta da Reforma,considera como primeiro dever de um interprete, permitir que o autor diga realmente o que diz, ao invés de lhe atribuir o que pensamos que devia dizer”.
               O Período Confessional => Após a reforma, teoricamente os protestantes conservavam o principio segundo o qual “a Escritura interpreta a Escritura”. Mas, à medida que se recusavam aceitar a interpretação bíblica seguindo normas ditadas pela tradição, tal como havia sido determinado pelos concílios e papas, corriam o risco de ceder diante aos padrões confessionais da Igreja. Nesse tempo, “quase toda a cidade importante tinha o seu credo favorito”.
                 Esse foi o período de grandes controvérsias doutrinárias, o protestantismo até aqui coeso, começa a se dividir em varias facções, enquanto a exegese tornou–se serva da dogmática, se degenerando em mera busca de textos provas.
                 É interessante observar que a maior contribuição para a hermenêutica dessa época, não é encontrada nas tendências da Igreja, mas na literatura dos movimentos da reação contra a mesma, dentre as quais se destacam a literatura dos Soncinianos, de Conccejus e a dos Pietistas.

Hermenêutica no período histórico-crítico

               Nesse período houve profunda reflexão sobre o homem e Deus. E como em outras épocas ficaram a discutir sobre a hermenêutica bíblica. E os principais teólogos do inicio século XX, adotaram o ponto de vista de LeClerk segundo o qual a inspiração variava em graus nas diferentes partes da bíblia, admitindo a existência de erros e imperfeições naquelas partes em que esta inspiração era de graus mais baixos. Essas teorias são desposadas até os dias de hoje.
               1- A Teoria da Inspiração Natural Humana => Ensina que a bíblia foi escrita por homens dotados de singular inteligência.
               2- A Teoria da Inspiração Divina Comum => Ensina que a inspiração dos escritores da bíblia é a mesma que hoje vem ao crente enquanto ora, prega, canta, ensina, e anda em comunhão com Deus.
               3- A Teoria da Inspiração Parcial => Ensina que partes da bíblia são inspiradas, outras não. Ensina ainda que a bíblia não é a palavra de Deus, mas, que ela apenas contém  a palavra de Deus.
               4- A Teoria do Ditado Verbal => Ensina que a inspiração da bíblia é só quanto às palavras, não deixando lugar para a atividade do escritor.
               5- A Teoria da Inspiração das Ideias => Ensina que Deus inspirou as Ideias da bíblia, mas não as suas palavras, ficando estas a cargo dos respectivos escritores.
               Também foi fundada a Escola gramatical por um teólogo de nome Ernesti. Segundo a sua exegese, a escrituras devia ser interpretada levando em consideração o seguinte:
               a) O sentido múltiplo da Escritura deve ser rejeitado e somente deve ser conservado o sentido literal.
               b) As interpretações alegóricas devem ser abandonadas, exceto nos casos em que o autor indique o que deseja, a fim de combinar com o sentido literal.
               c) Visto que a bíblia tem sentido gramatical em comum com outros livros, isto deve ser considerado em ambos os casos.
               d) O sentido literal não pode ser determinado por um suposto sentido dogmático.
               A Escola Histórica alcançou o seu auge através da pessoa deSemler, ele salientava o fato de que vários livros da bíblia e o seu cânon em geral se originaram de modo histórico, e eram, portanto, historicamente condicionados. Partindo do fato que foram escritos por homens provenientes dos mais diferentes níveis da nação judaica, concluiu que as escrituras têm erros, cabendo ao estudante e interprete detectá-los.  Foi chamado o pai doRacionalismo Cristão.
SEGUNDA LIÇÃO
A CONCEPÇÃO PRÓPRIA DA BÍBLIA

               1-A Bíblia é um livro singular, especial, que se distingue dos mais valiosos compêndios já produzidos até hoje.
                2-Não podemos compreender as Escrituras pela inteligência humana, a menos que contemos com a ajuda iluminadora do Espírito Santo que sonda as profundezas de Deus e esclarece os mistérios da sua palavra.
                O estudo da Bíblia se impõe como principal meio do homem natural vir a conhecer Deus e a sua vontade para sua vida e do crente conhecer o propósito santificador de Deus para si e para todos os salvos.

O porque das Escrituras

               Deus tem se revelado através dos tempos por meio de suas obras, pela criação e por uma revelação maior, a Bíblia: a palavra escrita, e aCristo a palavra viva, por tanto a revelação é dupla.

A necessidade do estudo das Escrituras:
                Lendo os textos de 1Pe 3.15; 2Tm 2.15; Is 34.1:1; Is 34.16; Sl.119.130, descobrimos essa necessidade

Porque devemos estudar a Bíblia:
               É o manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor; Alimenta nossas almas; É o instrumento que o Espírito Santo usa em nossas batalhas; Enriquece espiritualmente a vida do salvo.

Como devemos estudar a Bíblia:
               Conhecendo seu autor; com a melhor atitude mental e espiritual;
               Diariamente, com oração, meditando na sua mensagem.

A Inspiração das Escrituras
               A Bíblia é diferente dos demais livros porque só ela tem a inspiração divina (2Tm 3.16; 2Pe 1.21;  Jó 32.8).
               Inspiração divina - É a influência sobrenatural de Deus através do Espírito Santo como um sopro sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem possibilidade de erro.
               A própria bíblia reivindica para si, a inspiração de Deus, pois a expressão: “assim diz o Senhor”, qual carimbo de autenticidade divina, ocorre 2600 vezes nos 66 livros. 


               Falsas teorias quanto à inspiração da Bíblia
               Da inspiração natural humana; da inspiração divina comum; inspiração parcial; do ditado verbal; da inspiração das ideias.

               Teoria correta da inspiração das escrituras e da inspiração plenária da Bíblia ou verbal=> Ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas e o fim está no último livro do Novo Testamento.

               Harmonia e unidade das Escrituras
                É um milagre a existência da Bíblia até os dias de hoje. Há nela 66 livros, por 40 escritores, por um período de 1600 anos.
               Escritores: Foram homens de todas as atividades da vida humana.
               Condições: Foram diferentes as condições, Moisés na solidão do árduo deserto, e Jeremias na sujidade de uma masmorra, etc...
               Circunstâncias: Foram as mais diversas que os escritores dos 66 livros tiveram.
                Devemos aceitar que se há erros na bíblia será sempre do lado humano, e que também ela foi escrita para mentes humildes e sinceras.

A prova da inspiração das escrituras
           Muitas pessoas sabem quem é Jesus; crêem que Ele fez milagres; na sua ressurreição; ascensão; mas não na Bíblia! Essas pessoas precisam saber a posição de Jesus quanto à bíblia. Nós sabemos que: 
               Ele aprovou a Bíblia, leu, ensinou, chamou-a de a palavra de Deus, e a cumpriu, e declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo. No deserto derrotou Satanás, fê-lo com a palavra de Deus, afirmou que as escrituras é a verdade. (Lc.24.44)
               Testemunho do Espírito Santo no crente (Jo 7.17) => Cada pessoa que aceita Jesus como salvador o Espírito Santo coloca no seu coração um testemunho quanto à autoridade da bíblia.

               O cumprimento fiel da Bíblia => O Antigo Testamento é um conjunto de livros proféticos cumpridos a maior parte no Novo Testamento, e há uma parte que é para cumprir no presente e no futuro. A maior prova dessas profecias foi o nascimento de Jesus, sua morte, sua ressurreição e ascensão. O melhor argumento a favor da Bíblia é o caráter que ela forma.
               A bíblia é sempre nova e inesgotável; ela é familiar a cada individuo; é superior aos outros livros; é imparcial.
             
TERCEIRA LIÇÃO
PARTICULARIDADE DO TEXTO BÍBLICO,
CONHECENDO A BÍBLIA GRAMATICALMENTE

               O próprio Pedro admitiu que há textos difíceis de entender: "os quais os indoutos e inconstantes torcem por sua própria perdição" (2Pe 3:15-16).
               A arma principal do soldado cristão é a Escritura e se este desconhece o seu valor ou ignora o legítimo uso, que soldado será? (2Tm 2:15).
               As circunstâncias variadas que concorreram na produção do maravilhoso livro exigem do expositor que o seu estudo seja minucioso e sempre científico, conforme os princípios hermenêuticos.
               A Bíblia como outro livro qualquer possui linguagem própria de um livro cujo autor queria que coisas nela escritas fossem compreendidas pelos seus leitores. Por isso o Espírito Santo ao inspirar as escrituras usou linguagem e o vocabulário próprio da época que cada escritor escreveu.
               Cada livro possui princípios de composição comuns, por sua vez se baseiam em recursos da literatura e os recursos literários a qual veremos no decorrer desta lição.

Composição da Bíblia

               Uma composição agrupa várias partes para dela fazer um todo. A composição pode consistir de uma pintura, uma obra musical, poesia ou linguagem escrita. A composição dever expressar unidade, terá começo, meio e fim.

               A linguagem Bíblica => A composição das palavras deve comunicar pensamentos. Para isto Deus deu a linguagem ao homem com meio de expressão. Com a linguagem, vem a ordem, a organização e os princípios que tornam possível a comunicação. Apesar das línguas diferirem, todas seguem uma ordem como meios de expressão e de comunicação.
               Deus usou de recursos naturais próprios de cada escritor. Mas sem descaracterizar os escritos da Bíblia. Pedro era indouto, sem conhecimento. Porém escreveu num Grego tão eloquente como o empregado por Paulo, ao escrever as suas cartas (1Pe 1.7; At 3.6).
               É importante lembrar que o Espírito Santo não apenas inspirou as Escrituras, Ele usou a linguagem, o vocabulário, o gênero literário próprios à época, e a cada escritor que as escreveram. Tinha de ser assim, pois o Espírito Santo estava comunicando verdades que Ele tinha interesse que fossem conhecidas pelos que as lessem e ouvissem.

               Princípios de composição => Os escritores da Bíblia usaram princípios de composição simples de sua época e avaliaram, simplificaram, repetiram, fizeram comparações, relacionaram verdades com verdades e assim por diante aos olhos da nossa compreensão.
               A nossa compreensão humana só começa a se abrir quando conhecemos melhor, o uso que o Espírito Santo fez dos princípios de composição das Escrituras.

Primeiro Grupo de Recursos Literários

               Comparação => Envolve a associação de duas ou mais coisas iguais ou parecidas. Às vezes as palavras, tal como; igual a, nos dá a pista que duas ou mais coisas similares estão sendo comparadas. Quando isso ocorre o autor está dando ênfase à similaridade (1Sm 13.5 “como areia do mar”).
               Contraste => É o oposto da Comparação. Pode ser indicado por palavras tais como: masoude outra forma, entretanto. O ponto alto do contraste não consiste na palavra que o indica, mas, na diferença das qualidades acentuadas. (Sl.1 “entre o ímpio e o justo”).
               Repetição => É o uso repetido de palavras, frases ou orações idênticas para dar ênfase ao que se quer dizer: “Ai daquele que...” (Hc 2:9, 12, 15, 19; Mt 23:13-16, 23, 27, 29).
               Intercâmbio => É um tipo especial de repetição no qual um padrão que se altera é repetido (Lc.1;2), entre anuncio do nascimento de João Batista e Jesus. Reforça o contraste ou comparação.
               Gradação => É o que ocorre em passagens em que se repete o uso de termos “mais ou menos” iguais (Am 1:6; 2:6). “Assim diz o Senhor...”
               Continuação => Envolve o prolongamento da apresentação de um tema particular. Depois de introduzir o tema vem o desenvolvimento. Estudando a poesia hebraica, os Salmos, por exemplo, vemos que a continuação está muito ligada ao paralelismo sintético, onde o pensamento de um verso da poesia prossegue no verso seguinte ou é elaborado sobre ele. Este recurso é muito claro em Jn 1:3. Veja que Jonas decidiu sair da presença do Senhor, foi a Jope, encontrou um navio que o conduziria a Espanha, pagou sua passagem e subiu a bordo do citado navio, tudo em um versículo.
               Clímax => Envolve a chegada de uma narrativa ao ponto crítico, isto é, o ponto de interesse máximo. O autor constrói, partindo do ponto de interesse e importância menor até ao maior, então apresenta-se um pequeno período, já para o fim, onde as coisas são combinadas, a tensão se relaxa e a pessoa percebe como tudo vai acabar. Clímax é esse ponto crítico. O livro de Êxodo é um exemplo de clímax. Podemos vê-lo acentuadamente em Ex 40:34,35. “A glória de Deus”. Depois da narrativa da partida do Egito, recebimento da Lei, das instruções, dos detalhes do tabernáculo, finalmente a nuvem de glória cobre a congregação de Israel e a luz deslumbrante da presença do Senhor enche o Tabernáculo. Esse é o clímax do livro.  
               Ponto Decisivo => Está relacionado com o clímax, mas se encontra mais em passagens didáticas do que em narrativas de histórias. É o centro da discussão nas passagens didáticas, ele é o “eixo” em torno da qual gira o assunto em pauta (Gl 3:5). A epistola aos gálatas, há vários pontos decisivos porque há “subdiscussões” dentro da discussão principal dos assuntos. O ponto decisivo de Gálatas é: “para a liberdade foi que Cristo nos libertou”.

QUARTA LIÇÃO
PARTICULARIDADES DO TEXTO BÍBLICO

               Tem como propósito introduzir ao estudo cinco importantes elementos que compõem o texto Bíblico, são eles: parábolas, profecias, tipos, símbolos e poesia.

               Parábolas
               É uma forma de história colhida da natureza ou de ocorrências diárias normais, que lança luz sobre uma lição moral ou religiosa. Conhecido no antigo Israel, o ensino alcançou seu apogeu no ministério de Jesus.

                Propósito do uso das parábolas
                Jesus usou-as em seus ensinos pelo menos por duas razões.
               - Ensinar aos seus discípulos e a outros ouvintes. Para estas pessoas o ensino por parábolas lançava luz sobre a verdade.
               - Encobrir a verdade aos não receptivos à revelação de Cristo como o Messias de Deus. (Mt 13:10,13)

               A compreensão das parábolas
               -As parábolas nos Evangelhos estão relacionadas com Cristo e o seu Reino => Portanto a primeira pergunta que você deve fazer a si mesmo ao estudar uma parábola é: “No que esta parábola tem a ver com Cristo?” Lembra-se da parábola do “joio e o trigo” (Mt. 13.37). Quando Jesus interpretou esta parábola Ele disse que tinha semeado a boa semente.
               -As parábolas devem ser estudadas à luz do lugar e da época a que se relacionam => A maneira ideal de assim proceder é estudar livros acerca de costumes e cultura bíblica. Torna-se mais fácil entender, por exemplo, a parábola da moeda perdida, ao sabermos que as mulheres do antigo Oriente lidava muito pouco com dinheiro, e que os seus recursos pessoais se apresentavam principalmente em forma de jóias. Por isto mesmo uma mulher que perdesse uma moeda, ficaria muito ansiosa. 
               -Observe a explicação das parábolas dadas por Jesus => Muitas vezes essa explicação vem seguida à própria parábola, ou logo após alguns versículos. Por exemplo, veja a explicação dada por Jesus a parábola da ovelha perdida (Lc 15:7). “Digo-vos que, assim...”
               -Compare os ensinamentos apresentados na parábola, com todo o contexto da Escritura => Por exemplo, o capitulo do livro onde se encontra a parábola, qualquer parte do Antigo Testamento que possa ajudar na sua compreensão, e também outros relatos da mesma parábola, mais de um escritor que devem ser consultados, muitas vezes achamos riquezas de detalhes comparando esses relatos, de forma de evitar conclusões precipitadas.

              Tipos
               É uma classe de metáforas que não consiste meramente em palavras, mas em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se nas Escrituras de “sombra dos bens vindouros” e se encontram no Velho Testamento.
               Exemplos abusivos: muitos abusos têm sido cometidos na interpretação de muitas coisas que parecem típicas no Antigo Testamento. Como forma de ajuda para que se evitem tais abusos aconselhamos a fazer o seguinte:
              -Aceite como Tipo, o que como tal, é aceito no Novo Testamento.
              -Recorde-se que Tipo é inferior ao seu correspondente real (antítipo) e que, por conseguinte todos os detalhes do Tipo não têm aplicação a dita realidade.
              -Tenha em mente que às vezes um Tipo pode prefigurar coisas diferentes.
              -Lembre-se que os Tipos, como as demais figuras, não nos foram dadas para servir de base e fundamento das doutrinas cristãs, mas para confirmar-nos na fé e para ilustrar e representar as doutrinas vivas à mente.
               -Os Tipos são lições concretas de Deus. (Hb 9:8,9; Jo 3:14; MT 12:40; Rm 5:14; 1Co 5:7).

               Símbolos
               É uma espécie de metáfora pelo qual se representa alguma coisa ou algum fato, por meio de outra coisa ou fato conhecido, para servir de semelhança ou representação. É muitas vezes diferente do Tipo por não prefigurar a coisa que representa. Ele simplesmente representa o objeto.
               Os símbolos, nas Escrituras, às vezes, tem mais de um significado. Por exemplo: Jesus é chamado de “o Leão da tribo de Judá” (Ap 5:5), enquanto que Pedro compara o diabo, em sua fúria devoradora, a um leão que ruge procurando a quem possa tragar (1Pe 5:8). Note porem, que o aspecto do leão que figura o Senhor Jesus, é apenas a natureza forte e real do animal. Observe que Cristo é chamado “o leão da tribo de Judá”, enquanto que o diabo vem como um leão.      
               -Classes de Símbolos => Dentre as diferentes classes de símbolos na Bíblia destacamos as seguintes: 
                1-Objetos Reais: => O sanguepor ser o elemento de renovação da vida no reino animal, simboliza a vida ou a alma.    
                Vestido, é símbolo de méritos ou de justiça real ou suposta.
                linho fino, simboliza a justiça real; ouroa glória de Deusa prataresgate; o cobreresistência ao fogoóleo ou azeiteO Espírito Santoo incensooraçõeso salinfluência preservadorao fermentoa tendência  corruptora do pecado; o fogo, juízo divino. 
               2-Nomes: => Abrão= pai exaltado; Abraão= pai de multidão de nações; Sarai= minha princesa; Sara= princesa
               3-Númerosum= unidade e primazia; dois= relação, diferença, divisão; três= solidez; quatro= cessação, fraqueza, fracasso, provação, criatura, terra, mundo, modificação; cinco= o fraco com o forte, Emanuel, Deus governando, capacidade, responsabilidade; seis= limitação, domínio humano, manifestação do mal, disciplina; sete= plenitude, perfeição, repouso;
Oito= novo começo, o novo em contraste com o velho; dez= perfeição ordinal; doze= o governo de Deus manifesto no mundo.
               4-Cores => Azul= É a cor do céu e dos montes vistos a distancia. Outras formas da mesma raiz hebraica significam “perfeito” e “perfeição”. O azul pois, sugere aquela perfeição celeste que, sob a dispensação antiga, só podia ser contemplada de longe.
               Púrpura => Era a cor dos mantos reais entre os gentios, e a do manto que, por escárnio, puseram sobre Jesus, quando processado como rei. É a cor da realeza.
               Carmezim ou Escarlata => Foi a cor distintiva do povo de Deus, pela qual Raabe se identificou com esse povo. Por essa cor indelével, comparam-se a ela os pecados mais tenazes, porém o Senhor pode torná-los brancos como a neve, e isso por meio de um elemento da mesma cor, o sangue de Jesus.

               Poesia
               Está espalhada em toda a Bíblia de Gênesis ao Apocalipse. O livro de Salmos é o principal, nele está todo lirismo das poesias bíblicas hebraicas. As poesias hebraicas são cânticos e não possui rimas, a extensão dos seus versos não é levada em conta. Pelo fato da poesia hebraica estar construída em torno de um padrão de pensamento básico, o escritor tem grande liberdade na estruturação de cada verso.
               Muito do estilo da poesia hebraica advém do paralelismo literário. No sentido em que é usada aqui, a palavra paralelo se refere à relação de sentido vista entre cada dois versos ou linhas da poesia. Três tipos de paralelismos são usados na poesia hebraica. São eles:
               Paralelismo Sinonímico => indica que a segunda linha, repete a verdade da primeira, com palavras parecidas.
               “Ao Senhor pertence a terra e tudo que nela contém, o mundo e os que nele habitam”. (Sl 24:1)
               Paralelismo Antitético => sugere contraste, a segunda linha contrasta a primeira. 
               “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos; mas o caminho dos ímpios perecerá.” (Sl 1:6)
               Paralelismo Sintético => a segunda linha acrescenta alguma coisa a primeira. 
               “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices” (Sl 19:7)

               Profecias
               Profecia na Escritura pode ser definida como inspirada declaração da vontade e propósitos divinos. Algumas vezes os profetas da Bíblia predisseram acontecimentos que iriam ocorrer no futuro, outras vezes disseram ou proclamaram a vontade de Deus para os seus dias. Ambos os tipos de declarações feitas pelos profetas eram importantes.
               Interpretação dos profetas
               Difícil de Ezequiel, pois está relacionado com acontecimentos futuros, pois usa a linguagem figurada. Fácil de Pedro, no dia de pentecostes ele citou um salmo profético cumprido na vida de Jesus. (At 2:25,33; Sl 16:8,11)
               A interpretação das profecias não compete ao homem marcar o tempo, pois somente Deus sabe o seu cumprimento. Muitas já se cumpriram, outras estão se cumprindo, outras se cumprirão em um futuro remoto, e ainda outras só muito tempo longe daqui. Como o Milênio, e pós Milênio.

QUINTA LIÇÃO
PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DE INTERPRETAÇÃO

               A Bíblia é um livro de história e de fatos
                Registra => A história de Deus, da criação do universo, do homem e sua queda, propósito da redenção. No Antigo Testamento a história de Israel, como povo escolhido e vocacionado por Jeová, para uma missão especial no mundo e no Novo Testamento a história de Cristo, nascimento, ministério, rejeição, morte, ressurreição e glorificação. Registra a história da Igreja, desde o nascimento no pentecostes até a sua glorificação total a ter lugar na consumação dos tempos.  
               Com estes fatos ausentes da memória, o estudante e intérprete das Escrituras, corre o sério risco de interpretá-las de qualquer outra forma, menos a legítima. Mas ao se propor dar interpretação histórica às Escritura, tenha o seguinte em mente. 
               -Uma palavra nunca é compreendida completamente até que possa entendê-la como palavra viva, isto é, originada da alma do autor.
               -É impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto à luz das circunstâncias históricas.  
               -Uma vez que as Escrituras se originaram de modo histórico, elas devem ser interpretadas à luz da história.
               -Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, nos dois testamentos, são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade.
               -Os fatos ou acontecimentos históricos tornam-se símbolos de verdades espirituais, somente se as Escrituras assim os designarem.

          Regra Um
               Uma palavra nunca é compreendida completamente até que se possa entendê-la como palavra viva, isto é, originada na alma do autor. (Sl 119:89; PV 30:5; Hb 4:12).
                Na interpretação histórica de um livro, é natural que, se pergunte: quem é o autor? Temos que conhecer o seu autor, seu caráter, temperamento, sua disposição e habitual modo de pensar; devemos nos esforçar para penetrar no círculo intimo da sua vida, a fim de poder entender, tanto quanto possível, os motivos dominantes nela e assim obter na visão interior dos seus pensamentos, sua vontade e ações. É importante que conheçamos também um pouco a respeito da sua profissão, pois esta pode exercer poderosa influencia sobre as atividades e linguagem do mesmo. Exemplos: 1, 2 Samuel; e 1, 2 Reis; 1, 2 Crônicas; e Juizes.
               Conhecer do autor => Sua profissão e sua família ex: Mateus e Lucas.
               Mateus=> Era judeu, publicano (Lc 5:27), após a conversão escreveu para os crentes Judeus.
               Lucas=> Era um gentio, médico, e após sua conversão escreveu para os gregos.

               Associando-se como autor => A melhor maneira de conhecer o autor de um livro é estudar diligentemente os seus escritos, prestando especial atenção aos mínimos aspectos dos mesmos. Por exemplo: Moisésquem quiser conhecê-lo tem que estudar o Pentateuco. (Ex 2:4; 16:15-19; 33:11; 34:5-7; Nm 12:7,8; Dt 34:7-11). Paulo (At 7:38; 8:1-4; Rm 9:1-3; 1Co 15:9; 2Co 11; 12:1-11; 1Tm 1:13-16;) etc...

              Quem é que está falando => É de grande valia ao estudar a Bíblia saber distinguir claramente entre as palavras do próprio autor e as palavras de outras pessoas que ele registra.
               Exemplo: João (3:16-21) => Foram ditas por Jesus a Nicodemos, ou é uma explicação do próprio João. E há caso como nos profetas, as mudanças de pessoas da primeira para a terceira pessoa, e do humano para o divino. (Os 9: 9-10; Zc 12:8-10; 14:1-3).

             Regra Dois
               É impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ele seja visto à luz de suas circunstancias históricas:

          Circunstâncias geográficas =>
          As circunstâncias geografia climáticas Bíblica influenciaram o pensamento, a linguagem, e as demais reações do autor, deixando marcas disso nas produções literárias. Precisamos conhecer o caráter das estações, os ventos e as funções; a diferença de temperatura dos vales, nas regiões montanhosas e no cimo das montanhas; os produtos do campo, as árvores, arbustos e flores; grãos, vegetais, frutas; animais selvagens e domésticos; insetos nativos e aves. Um pouco desse estudo ajudará o aluno a localizar as montanhas, os vales, lagos, rios, cidades e vilas, estradas e planícies.

               Circunstâncias políticas => As Condições políticas de um povo deixam profunda impressão sobre a sua literatura. Ao intérprete das escrituras devem ter atenção particular dada às mudanças políticas de Israel. (1Co 12.3).

               Circunstâncias Religiosas => Os estudiosos das Escrituras tem que dar atenção especial à vida espiritual de Israel com seus altos e baixos. Desde Juízes até a sua total dispersão no século I, da nossa era.
               O aluno deve ter conhecimento dos vários pactos, alianças, guerras, invasões feitas e sofridas por Israel. Mas sempre vendo as circunstâncias em que isso se realizou, olhando sempre e separando quando estavam em desobediência, ou na presença de Deus.

               Terceira Regra
               As escrituras devem ser interpretadas à luz da história, não significa que a Bíblia contenha elementos que transcendem os limites históricos. Uma grande parte determinada historicamente faz parte da Bíblia.

               Questão a considerar => Quem foi o escritor do livro em questão? Qual foi o quadro de fundo que motivou o autor a escrevê-lo? Quem são os principais personagens do livro? Um exemplo a ser tomado para o nosso melhor entendimento cita a epístola de Paulo aos gálatas. (Gl 1:8): “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que  vos tenho anunciado, seja anátema”. É a defesa de Paulo contra os Judeus que queriam obrigá-lo e aos gentios que se convertiam a circuncidar, e aos rituais judaicos, e a legislação mosaica.
               Entender o fundo histórico ajuda a compreender e a interpretar os livros na bíblia.   

               Quarta Regra
               A revelação de Deus é progressiva tanto no Antigo como no Novo Testamento. São partes essenciais desta revelação e formam uma unidade.

               A harmonia entre os dois Testamentos => O Antigo Testamento mostra o cenário para a correta interpretação do Novo. Cada qual mostra e engloba a metade de que compõe a Bíblia Sagrada. O registro dos atos e propósitos eternos de Deus, formando um todo. Como nos seria possível entender aquilo que fala o Novo Testamento, sem o conhecimento do que o Antigo fala sobre a queda do homem, e o desejo divino de salva-lo? Como entender a epistola aos Hebreus sem conhecer o livro de Levítico?
               Jesus ao falar à multidão, presume que seus ouvintes estejam familiarizados com os relatos do Antigo Testamento (Nm 21:9; Jô 3:14; Rm.15.4; 1Co 10.11; 2Tm 3:16,17).

               Jesus é o tema de ambos os Testamentos => O Antigo Testamento está repleto da presença de Jesus: na criação, criação do homem, no decálogo, na lei, nos Salmos e nos Profetas. (Lc 24:44).

               Quinta Regra
               Os fatos ou acontecimentos históricos tornam-se símbolos de verdades espirituais, somente se as Escrituras os designarem. (1Co 10:1-4).   
               1-“Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar; 2- e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar; 3- e todos comeram de um mesmo manjar espiritual; 4- e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo”.
               Observe que o texto aplica cada símbolo ao fato e pessoa simbolizados.
                 - A passagem dos israelitas pelo mar vermelho, fala do batismo figurado; A pedra da qual Israel bebeu água, era um tipo de Jesus.     

               Características de símbolos históricos => Os símbolos históricos bíblicos devem satisfazer a pelo menos três condições básicas, como elementos de uma interpretação bíblica coerente.
               Primeiro: O símbolo deve parecer de fato com as coisas que representam: o sacrifício de animais, o derramamento do sangue - o derramamento do sangue de Jesus. Assim a imolação de animais no Antigo Testamento, simbolizava e indicava o sacrifício expiatório de Cristo. (amortização do pagamento da divida, mas somente um sacrifício, único, perfeito é que traria a redenção e o novo concerto).
               Segundo: Um símbolo deve ser indicado na Escrituras direto ou indiretamente. (Hb 3:11; 4:9) “Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso”.
               O descanso prometido ao povo de Deus, sob a liderança de Moisés e de Josué, foi um tipo de descanso prometido a nós, em Cristo.
               Terceiro: Os símbolos não podem corresponder aos que prefiguram todos os seus detalhes.
              Temos no Antigo Testamento muitos homens que são tipos de Jesus (Adão, Moisés, José, Isaque, e outros...). Mas nenhum deles jamais foi igual a Cristo em todos os seus aspectos.  

SEXTA LIÇÃO
PRINCÍPIOS TEOLÓGICOS DE INTERPRETAÇÃO

             Primeira Regra
               Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la teologicamente: exemplo a considerar: (Rm 5:15-19).
               Interpretando => Cristo como a pessoa de Adão: vemos que a imputação da justiça divina não visa afetar o nosso caráter moral mais sim nossa posição legal, isto é, nós não nos tornamos moralmente justos, mas, legalmente justos, e perfeitos diante de Deus.
               Outro exemplo: (MT 12:31,32) atribuir a influência de satanás àquilo que reconhecidamente é obra de Deus, uma declaração audaciosa de que ele é um espírito maligno, que a verdade é mentira e que Cristo é satanás, é pecado contra o Espírito Santo portanto sem perdão.

               Segunda Regra
               Uma doutrina não pode ser considerada Bíblica, a não ser que resuma e inclua tudo que a Escritura diz sobre ela
               O propósito desta regra de interpretação é determinado pela verdade doutrinária do texto bíblico. A Bíblia é a palavra de Deus e tudo nela é útil para nós, exemplo: (2 Jo 9, 12) Tem diferenças, o versículo nove têm o princípio eterno o doze tem uma verdade mais não é eterno.

              

O poder determinante das escrituras

               A doutrina cristã pode ser definida como substância, e conteúdo da fé cristã. (1Co 5:11; 6:10; Ef 5:18; Gl 5:21).
               Ex: A bebedice é condenada nas escrituras, pois subtrai, então as drogas também são.
               Princípios Eternos => (Ef 5:1-2). Vocês são filhos queridos de Deus e por isso devem ser como Ele). NTLH
               É interessante notar que se você realmente acredita que algo é pecado quer seja ou não pelos padrões bíblicos aqui discutidos e age contra a sua própria consciência, o ato praticado torna-se pecado para você (1Co 8:10).
               É errado tirar conclusão de determinadas doutrinas antes de estudar tudo que a Bíblia diz sobre o assunto.
               Aparentes incoerências => A falta de cuidado com a interpretação de textos bíblicos isolados pode levar o crente a argumentos bíblicos errados, exemplos: o crente e o pecado (1Jo 3:6-10), quem lê essa passagem conclue que o crente não peca; para entendermos melhor temos que ler (1Jo 1:8-9); (1Jo 2:1). Todavia nosso Deus nos fez esperar que não venhamos a pecar, que o salário do pecado é a morte que passou a toda humanidade com a queda de Adão (Rm 6:23; Rm 3:28; Gl 5:18; Rm 6:1-4).

              Terceira Regra
               Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bíblia são contraditórias, aceitemos ambas como escriturísticas, crendo confiantemente que elas se explicarão dentro de uma unidade mais elevada. Exemplos: ATrindade Divina => (Mt 28:19; 1Co 13:13).
               Não serviremos a três deuses, mas, sim a um só Deus, contudo, cada pessoa da divindade é plena e completamente Deus, não apenas um terço de Deus e está além da nossa compreensão porque somos humanos e nossa mente é limitada. O mesmo acontece com a formação do homem, se é corpo e alma ou corpo, alma e espírito (1Ts  5.23).
               A dupla natureza de Cristo => A unidade da divindade e humanidade, Cristo é constituído da humanidade e espiritualidade é Deus-Homem.
               Posição de equilíbrio => Quando as escrituras põem em aparente conflito sem os conciliar, você deve fazer o mesmo. Não force as escrituras a conciliar duas doutrinas “conflitantes”, aonde as escrituras silenciam devemos fazer o mesmo.

               Quarta Regra
               Um ensinamento em Cristo simplesmente implícito nas escrituras pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens correlata o apóiam exemplos: na questão da ressurreição Jesus falou aos saduceus (Mc 12:26-27), e  citou (Êx 3:15).
              Primeira premissa => Deus é um Deus de vivos.
              Segunda premissa => Deus é Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
              Conclusão => Abraão, Isaque e Jacó estão entre os que vivem, (Is 16:19; Jo 19:16; Sl 17:15).
               Exemplo => Na questão da admissão de mulheres na santa ceia do Senhor, (1Co 1:11; 1Co 16:19;  1Co 11).
               Primeira premissa => A Igreja de Corinto recebeu instrução sobre a comunhão.
               Segunda premissa => Havia mulheres que faziam parte da Igreja de Corinto.
               Conclusão => As mulheres podem participar da comunhão.

SÉTIMA LIÇÃO
A REGRA FUNDAMENTAL

              A Escritura é explicada pela Escritura. A Bíblia interpreta a própria Bíblia.
               Primeira Regra
               Enquanto for possível, é necessário tomar as palavras no seu sentido usual e ordinário.

               Segunda Regra
               É absolutamente necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase
               Esta regra tem importância especial quando se trata de determinar se as palavras devem ser tomada em sentido literal ou figurado. Para não incorrer em erros, convém, também, deixar-se guiar pelo pensamento do escritor, e tomar as palavras no sentido que o conjunto do versículo indica.

               Terceira Regra
               É necessário tomar as palavras no sentido que indica o contexto, isto é, os versos que precedem e seguem o texto que se estuda.

               Quarta Regra
               É preciso tomar em consideração o desígnio ou objetivo do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.

               Quinta Regra
               É indispensável consultar as passagens paralelas explicando as coisas espirituais pelas espirituais (1Co 2:13).

               Sexta Regra
               Um texto não pode significar aquilo que nunca poderia ter significado para seu autor ou seus leitores.

               Sétima regra
               Sempre quando compartilhamos de circunstâncias comparáveis (isto é, situações de vida específicas semelhantes) com o âmbito do período quando foi escrita, a Palavra de Deus para nós é a mesma que Sua Palavra para eles.
               Exegese
               É o estudo cuidadoso e sistemático da Escritura para descobrir o significado original que foi pretendido. É a tentativa de escutar a Palavra conforme os destinatários originais devem tê-la ouvidos; descobrir qual era a intenção original das palavras da Bíblia.
                a) Contexto histórico: a época e a cultura do autor e dos seus leitores: fatores geográficos, topográficos e políticos, a ocasião da produção do livro. A questão mais importante do contexto histórico tem a ver com a ocasião e o propósito de cada livro.
                 b) Contexto literário: as palavras somente fazem sentido dentro das frases, e estas em relação as frases anteriores e posteriores. Devemos procurar descobrir a linha de pensamento do autor. O que o autor está dizendo e por que o diz exatamente aqui?  

HOMILÉTICA

               A pregação imprime ao Cristianismo a forma mais expressiva para a comunicação do Evangelho de Cristo. Ocupou lugar central no ministério terrestre de Jesus. Ele se identificou como pregador em público quando visitou a sinagoga de Nazaré, ao afirmar que fora enviado “para evangelizar aos pobres... proclamar libertação aos cativos... apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18,19).
               Jesus foi um pregador itinerante. Seu púlpito, na maioria das vezes era improvisado sobre um monte, na popa de um barquinho junto ao mar da Galiléia, nas tribunas das sinagogas ou em casa de amigos. Ele não tinha um lugar específico para pregar e nada o impedia de anunciar o Evangelho do Reino. Nas vilas, aldeias e cidades, o mais glorioso pregador da face da terra atraía multidões de pessoas eletrizadas por seus sermões cheios de graça e autoridade divina. Poder e graça lhe eram peculiares.
               Portanto, o ministério da pregação tomou forma expressiva e dinâmica com o exemplo pessoal de Jesus. Ele deu-lhe um sentido mais amplo e livre. Ele libertou o ministério da pregação do formalismo, pregando ao ar livre, sobre um monte, ou junto ao mar da Galiléia.
               Então vamos ver agora algumas das principais regras de Homilética para organizar um sermão
               Para que você possa assimilar tudo, e ao final do ensinamento possa sozinho preparar sermões, deverá procurar entender o ensinamos.
               Não lhe recomendamos decorar nada, mas aconselhamos que estude, raciocine sobre cada texto lido, ensinado e, acima de tudo, que ore para que Deus o ilumine sobre os pontos difíceis de entender.
               Pregação não se fabrica em série, mas se recebe por inspiração do Espírito Santo; caberá a você apenas colocar os pensamentos inspirados numa ordem tal que os efeitos da mesma sejam positivos.
               O Espírito Santo provê o conteúdo da pregação, mas cabe ao pregador apropriar-se do conteúdo e montar o sermão, cuidadosamente.

PRIMEIRA LIÇÃO

               Homilética => É a ciência que ensina ao pregador como preparar sermões. De maneira alguma tal estudo anulará a inspiração do Espírito Santo. Ele apenas coloca os pensamentos inspirados numa ordem tal que facilita a exposição do sermão.
É o estudo dos fundamentos e princípios de como preparar e proferir sermões.
É a ciência cuja arte é a pregação e cujo resultado é o sermão.
É a arte do preparo e pregação de sermões.

A Origem da Homilética

               Homilética pode ser definida como a ciência que ensina os princípios fundamentais do discurso público, aplicados na proclamação do Evangelho.
               Em termos mais simples: Homilética é a arte da preparação e comunicação de sermões.
               A palavra Homilética deriva-se do termo homiletike, que significa “o ensino em tom familiar”. De origem grega, aparece também o verbo homiléo, que quer dizer “conversar”. Este verbo tomou forma na Era Cristã, resultando no termo homilia, que designa a pregação cristã feita nos lares em forma de conversação.
               A observação da Homilética no preparo de um sermão, não visa suprimir a inspiração e a unção do Espírito Santo, não só necessárias, mas também indispensáveis à pregação do Evangelho.
               Ela fornece ao pregador recursos para a elaboração dos pensamentos inspirados, colocando-os na ordem lógica. Se tivermos uma grande verdade a transmitir ao mundo, devemos possuir um grande método para a sua transmissão.
               Ligada a Homilética aparecem três outros termos muito relacionados entre si, mas distintos quanto o significado, que são: oratória,eloqüência e retórica, como se define a seguir.
               1). Oratória
                A oratória é a arte de falar em público de forma elegante, precisa, fluente, e atrativa. Muitos pregadores são estudiosos, pesquisadores, inteligentes, homens de oração; mas falham quanto à elegância e fluência na transmissão da mensagem divina.
               2). Eloquência
               A eloquência pode ser desenvolvida na teoria, e na prática da oratória. É o dom natural da palavra, desenvolvido de modo coordenado, coerente e fluente.
               3). Retórica
               A retórica é o estudo teórico e prático das regras que desenvolvem e aperfeiçoam o talento natural da palavra, baseando-se na observação e no raciocínio.
               Como se vê, a Homilética é como a arte de cultivar a terra. Se o lavrador souber usar a ciência e as técnicas agrícolas no cultivo de sua terra, os resultados serão satisfatórios. Assim o pregador que sabe aonde quer chegar, saberá como chegar.  Então a pregação é a Homilética posta em prática.

A Pregação na Igreja Primitiva

               No primeiro século da Era Cristã não havia uma forma única de pregação nas reuniões. As homilias tiveram sua evolução prática através do desenvolvimento da Igreja, no seu afã de expandir-se. Os cultos eram organizados de forma a minimizar a soberania do Espírito Santo, e com isto, a pregação tomava o primeiro lugar nas reuniões cristãs do primeiro século.
               Não havia templos construídos. Os cultos eram celebrados de casa em casa, por isso as homilias tinham um cunho muito informal e familiar. Não existindo ainda o Novo Testamento, os apóstolos apresentavam a nova doutrina de Cristo, comparando-a com o que dizia o Antigo Testamento. As profecias referentes à Cristo e o Seu Evangelho eram destacadas, e a luz da interpretação literal e figurada, o Espírito Santo os iluminava acerca das grandes verdades escondidas e reveladas na obra de Cristo.
               O livro de Atos mostra o tipo de pregação muito comum nos dias da Igreja Apostólica. Já dissemos que a forma era informal e familiar, isto é, mais um aspecto de conversação em grupo. Os métodos empregados para esse tipo de pregação eram os métodos de argumentação, quando os pensamentos do texto bíblicos eram expostos e discutidos de forma ponderada. O outro método era o explicativo ou didático. O verbo ensinar aparece muitas vezes no livro de Atos dos Apóstolos, e sempre para indicar o tipo de pregação explicativa. O dirigente escolhia um texto do Antigo Testamento e, depois de lido, passava a explicá-lo. Depois fazia aplicações a vida cristã diária dos crentes. A preocupação era pôr em evidência as profecias e seu cumprimento, no presente.

A Arte de Expressão

              A arte de expressão possui vários aspectos, dentre os quais: a voz, a técnica de oratória e o conhecimento da língua pátria.
              A voz constitui o principal veiculo da comunicação verbal. É o som ou conjunto de sons produzidos pela vibração das cordas vocais, sob a ação do ar vindo dos pulmões. A voz, como a musica, pode ser educada e treinada, para que os sons saiam livres e agradáveis, dispensando os gritos afetações e exageros.
               A arte da expressão exige boa dicção, que é a utilização artística da voz. Para que o pregador seja entendido quando fala, a articulação dos sons deve ser emitida com perfeição. Pronuncie cada palavra corretamente e com a devida nitidez.

             O Aprimoramento dos Conhecimentos Gerais

               A bíblia incentiva a busca de conhecimentos gerais (Pv 3:13).
               Já falamos anteriormente que homilética é a arte de preparar e expor sermões. Tanto a preparação como a exposição do mesmo depende em parte do grau de conhecimento do pregador. O conhecimento é a principal razão do sermão. Enquanto que a unção do Espírito Santo é a vida do sermão (2Pe 3:18).
               A homilética apresenta as regras técnicas de como o pregador poderá tirar proveito.

O desenvolvimento da vida espiritual

               Não pode haver verdadeiro sucesso na pregação sem o cultivo de uma vida espiritual dinâmica.
               Não basta conhecer as regras de homilética, saber fazer um esboço de sermão, nem tampouco ter facilidade de expressão, ou demonstrar grandes conhecimentos intelectuais, sem uma vida de consagração a Deus. O pregador, antes e depois de tudo, é um servo que faz a vontade de Deus. É também um embaixador que precisa estar em contínuo contato com Aquele que o governa para dizer somente aquilo que aquele que o enviou quer que seja dito.
               É impossível separar pregação e devoção. As duas precisam estar irmanadas. A pregação sem devoção é vazia e inexpressiva. O pregador, quando prepara um sermão, deve buscar inspiração e unção através da meditação e oração constantes. É sobre os joelhos que o canal divino fluir sobre o pregador. O cultivo da vida espiritual abundante deve ocupar o primeiro lugar na vida do pregador. Seu gabinete pastoral deve se constituir no seu recinto secreto; o altar de oração e comunhão com Deus.
               A pobreza espiritual de muitas pregações reside na falta de oração e meditação na Palavra por parte dos que as transmitem. Pela oração, o Espírito Santo põe toda a maquinaria de um sermão a funcionar, compungindo os corações penitentes e salvando pecadores arrependidos.
                Não há nada mais importante na vida de um pregador que sua dedicação à oração. Cabe-lhe formar o hábito de orar regularmente todos os dias, e com mais intensidade antes de preparar seu sermão. Daniel orava três vezes ao dia. Paulo escreveu aos crentes de Colossos perseverando em oração. (Cl 4.2).

SEGUNDA LIÇÃO
O PREGADOR

               Um pregador que cuida bem de todos os requisitos físicos e mentais, mas esquece o lado espiritual da vida, pode ser comparado a um automóvel zero-quilômetro, ao qual falta combustível, daí não poder mover-se. O combustível do pregador tem sua origem em Deus e o preço para adquiri-lo é o cultivo de uma vida espiritual. Pelo menos nove qualidades são indispensáveis ao pregador, no cultivo de uma vida espiritual; só assim ele terá êxito no desempenho de seu ministério, e os que o ouvirem serão abençoados.
               Características do Pregador:
               Piedade e Devoção; Sinceridade e Humildade; Honestidade e Seriedade; Coragem e Otimismo; Vida de Oração é a vida do Pregador.

               Piedade e Devoção
               Piedade: A eficácia da pregação cristã tem como primeiro requisito a piedade. Ela incute o zelo ardente, aviva a chama do Espírito Santo no coração do crente e quebranta os corações endurecidos e impenitentes (1Tm 4:8; 5:4; 2Pe 1:3,6,7).
               Devoção: Devoção é a prática da piedade, por isso as duas são inseparáveis. A devoção deve ser cultivada pelo pregador como um prumo que o nivela e o coloca em posição correta perante Deus. Ser devotado à causa de Deus não significa isolar-se do mundo, das pessoas. Significa sim, à dedicação do tempo ao estudo sistemático da Palavra de Deus, e não só isso, mas muito mais: significa dar tempo integral ao viver de acordo com essa Palavra. O alimento espiritual do pregador deve ser a Palavra de Deus.
               Sinceridade: A mensagem do pregador deve emanar da fonte da sinceridade e da verdade. Ser sincero não significa ser pesado, frio, duro de palavras, e atitudes; nem tão pouco, usar o púlpito par ferir a dignidade alheia. Ser sincero é mostrar dignidade, humildade, mansidão e firmeza de atitude. É ser realista e nunca trair sua consciência por interesses alheios aos princípios divinos. Não significa fechar-se dentro de si. Alguns comunicadores de massa acham difícil ser sincero quando se precisa convencer o povo. Entretanto, a sinceridade não afeta em nada a verdadeira comunicação; ao contrário, ela desperta a simpatia dos ouvintes.
               Humildade: A vitória da humildade está na queda do EU. Nenhum pregador pode subir ao púlpito sem antes ter descido através da oração aos degraus da humildade. Pela oração, o pregador consciente quebranta o egoísmo; o medo da derrota se desfaz e a certeza da vitória é inequívoca. Humilhar-se em oração diante do Senhor significa colocar-se em Suas mãos como o barro nas mãos do oleiro.
               Honestidade: As tentações surgem na vida do pregador de muitas maneiras, para fazê-lo ceder, dando lugar a desonestidade. O Diabo procura sempre as pequenas aberturas (falhas) em nós para entrar, nos envolver, e depois lançar em nosso rosto a falha cometida. Satanás está sempre preocupado em desprestigiar os ministros de Deus. Ele procura todos os meios para desmoralizá-los. Temos o exemplo na pessoa de Pedro, quando Jesus disse: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo.” (Lc 22.31).
               Seriedade: O pregador deve saber distinguir entre humor e seriedade. O humor sadio contagia um auditório sem, contudo ser irreverente. Há diferença entre inspirar simpatia com certa dose de humor sadio e o provocar gracejos irreverentes.
               Cada pregador possui características próprias de sua personalidade. Alguns são mais extrovertidos, por isso mesmo são mais abertos. Outros porém, introvertidos, por isso mesmo mais fechados. Verdade é que Deus usa seus servos sem ter de manipular suas personalidades.
               Coragem: A coragem tem sua fonte em Deus. O pregador cheio da graça de Deus enfrenta o mundo e o inferno sem temê-los, porque sua coragem está investida da autoridade divina. O pregador agride o pecado e não o pecador.   
               Enquanto os discípulos não haviam recebido essa “coragem” (poder), (o que se deu no dia de Pentecostes), estavam escondidos dentro do Cenáculo, mas ao serem cheios do Espírito Santo, as portas foram abertas e o Evangelho de Cristo foi pregado com toda autoridade, e o mundo de então foi envolvido com a mensagem poderosa do Evangelho.
               Otimismo: O pregador cristão deve cultivar o otimismo. Sua mensagem transmite alegria e esperança aos que buscam. Ser otimista é ter fé na mensagem que prega, é crer no trabalho que realiza. O pregador que prega sem convicção firme, torna seu auditório pessimista, daí resultando em incredulidade e irresponsabilidade de seus ouvintes.
               A Oração na Vida do Pregador: O que mais necessita uma Igreja hoje? Melhor: organização? Grupos de louvor? Métodos de trabalho? Não! O que a Igreja realmente precisa hoje é de homens dispostos a buscar a orientação divina através da prática da oração constante. A experiência nesses quase dois milênios de Histórias da Igreja é suficiente para mostrar-nos que o Espírito é derramado sobre homens e não sobre métodos e organização. Sim, Deus unge homens de oração. A oração é sem dúvida, a mais poderosa arma do pregador. Os sermões mais eficazes e poderosos nascem sob os joelhos. A oração inspira a mensagem ao pregador e capacita-o a transmiti-la ao povo.

TERCEIRA LIÇÃO

               TEMA => É o assunto chave do sermão, a verdade central, ou a idéia central do sermão.
               Há diferença entre titulo e tema. Tema é o assunto do sermão. Titulo, é o nome que se dá ao sermão. Por exemplo: O tema envolve todas as partes principais do sermão. O titulo é o cabeçalho do sermão.

               Formas de Temas
               Lógica => A forma lógica, é a forma em que implica a apresentação de um pensamento completo, mas de modo resumido. É o tema feito sob a forma de uma afirmação. A idéia geral do assunto que o pregador pretende apresentar expressa de modo resumido.
               O tema lógico pode ser uma frase que encerra claramente a ideia principal do sermão. Esse tema deve ser direto e afirmativo.

               Retórica
               A palavra retórica significa a arte de falar bem. É o conjunto de regras relativas a eloquência. Que seria então um tema retórico? É o tema objetivo. Essa forma não requer que o tema seja expresso por um pensamento completo como na forma lógica. Na forma retórica o tema é mais resumido ainda, porque pode ser expresso por meio de uma frase, mesmo de pensamento incompleto.
               Essas duas formas são igualmente úteis e podem ser usadas à vontade pelo pregador.

               Tipos de Temas
               Tema Enfático
               É aquele que aparece sob a forma de uma palavra ou de uma frase. Esse tipo indica a direção que o sermão deve tomar. Ele provê uma direção fixa para o sermão. Os pontos e subpontos são desenvolvidos em torno daquela palavra ou frase enfática.
               O termo enfático refere-se àquilo que destaca o que é pronunciado com ênfase. Em outras palavras, o tema enfático aquele contido numa palavra ou frase marcante que possui especial destaque, ou, assim o tornamos através da sua enunciação.
               Tema Interrogativo
               É o tema em forma de pergunta. É um tipo fácil de encontrar na Bíblia. O seu desenvolvimento também é muito fácil, visto que, se o tema aparece em forma de pergunta, o sermão será feito na base da contestação à pergunta feita. Você pode logo notar que o rumo desse sermão é contestação.
               Tema Declarativo
               É o tema tirado de uma declaração bíblica. Esse tipo se preocupa em desenvolver o significado e a comprovação da declaração. Normalmente você encontrará na Bíblia inúmeras declarações, de cujas frases você poderá extrair temas para seus sermões. Uma simples declaração bíblica indicará o rumo do sermão.

               Qualidades dos Temas
               O Tema Deve Ser Objetivo
               Tema objetivo é aquele dirigido a um alvo. Por exemplo, um atirador deve ter em mente atingir o alvo adequado, e não outros que não têm condições de alcançar. Assim estudamos anteriormente a necessidade do tema ser objetivo quanto a elaboração, em suas formas, lógica e retórica.
               O Tema Deve ser Vital
               O pregador não deve adotar assuntos triviais, isto é, temas vulgares e sem menor importância para seus sermões. Para que um tema seja vital, o pregador tem por obrigação colocar sua mente ao dispor do Espírito Santo, para que a inspiração tenha lugar. Um tema vital é aquele que contém energia divina. Essa energia transmite vida e poder. A Palavra de Deus é viva e eficaz.

Requisitos Importantes para a Escolha de Temas
               Vamos aprender cinco meios de se obter temas para pregação:
               1)Tenha sempre à mão uma caderneta de anotações, para anotar pensamentos ou idéias novas que brotam em sua mente nas mais diversas circunstâncias e lugares.
               2) Poderosos temas poderão surgir por inspiração do Espírito Santo, através da leitura de um livro, jornal ou revista. Em casa ou viajando, trabalhando ou descansando. Um incidente qualquer, uma notícia pelo rádio, uma frase lida ou ouvida em algum lugar, podem inspirar o pregador a descobrir bons temas para pregação.
               3) Leia muito e saiba selecionar sua leitura: bons livros e periódicos. Não só a leitura de livros evangélicos, mas também de livros seculares. A cultura é indispensável ao pregador. Ele deve procurar enriquecer seu vocabulário e conhecimentos gerais. A leitura sistemática fornecerá ao pregador bons temas homiléticos.
               4) Esteja sempre em dia com os assuntos atuais. Hoje, os meios de comunicação favorecem essa atualização cultural do pregador. Ele precisa pelo menos, ter uma ideia geral dos problemas mundiais, a fim de colher lições espirituais para a sua Igreja. Será de grande utilidade para o pregador, um arquivo homilético, para guardar e selecionar por assuntos, fatos, notícias, teses, ciência, relações humanas etc., o qual o manterá sempre em dia ante os acontecimentos mais recentes, ou de interesse permanente.
               5) O cultivo principal e a fonte suprema de inspiração do pregador estão na oração e meditação da Palavra de Deus. A oração descerra o véu, e a luz da inspiração divina jorrará sobre a meditação feita na Palavra de Deus.
               Finalmente, você deve considerar ainda os seguintes pontos:
               Fuja de temas triviais e frívolos; Escolha tema de fácil comunicação. Defina-se por temas que produzam bênçãos; escolha temas apropriados para a época, lugar e ocasião; Escolha tema que você tenha condições de desenvolvê-los.
  
QUARTA LIÇÃO
SERMÃO

               Introdução: é a parte do sermão que serve de ponto de contato entre o pregador e o auditório. Normalmente a introdução é a última parte a ser feita na preparação de um sermão. Por quê? Antes de o pregador escrever as primeiras palavras do sermão, ele deve formar a ideia geral do assunto que vai falar. É impossível apresentar uma boa introdução de um sermão, do qual não se tenha uma nítida ideia geral.
1)          A introdução deve ser breve; ser apropriada; ser interessante; deve ser simples.
2)           
               Fontes
          O Texto Bíblico; o Contexto; a Ilustração; Atos e Eventos da Atualidade; Uma Frase ou Provérbio; Experiência Pessoal; O Momento Presente

               Conclusão
               Saber entrar, e sair, em uma pregação é a razão desse estudo. Normalmente o pregador pode unir o clímax de sua mensagem a sua conclusão. Na passagem do último ponto do sermão para a conclusão, você deve proceder com todo o cuidado e oração em espírito. É aí que você terá a oportunidade de fazer a aplicação final e definitiva de todo o sermão. Essa parte é tão importante quanto a introdução. Grande parte do êxito da pregação depende de uma boa conclusão. O clímax de seu sermão deverá ser alcançado na conclusão.
               O que é o clímax de um sermão? É o ponto culminante, quando o pregador e a plateia são profundamente movidos pelo Espírito Santo. Então pensando assim deve-se pensar nas seguintes maneiras:
               Recapitulando o Sermão; Narrando-o; Levando o povo a ser persuadido; Convidando-os a ser aceitar a mensagem pregada e consequentemente aceita-la, e as vidas a receberem a Jesus. 



QUINTA LIÇÃO
ESPÉCIES DE SERMÕES

 (Temáticos; Textuais; Expositivos).
               Sermões Temáticos
               É aquele cujas divisões são tiradas do tema ou assunto, independente do texto. A essa espécie, outros também chamam de sermãotópico e sermão de assunto. Nessa espécie de sermão, o texto bíblico pode fornecer a idéia ou pensamento da mensagem desejada. Tecnicamente, o sermão temático desenvolve a verdade do que gira em torno do tema ou assunto.

               Sermões Textuais
               Sermão Textual é aquele que se baseia obrigatoriamente no texto bíblico. A divisão é tirada do texto. As palavras da passagem bíblica escolhida podem fornecer a divisão.
               Nesse tipo de sermão, você pode selecionar alguns versículos, ou apenas um, ou até mesmo parte de um versículo como texto para basear um sermão. Os pontos principais de um sermão textual limitam-se as frases do texto.
               Ao elaborar um sermão textual, qual seria o primeiro passo? Decidir qual seja o tema do texto que deseja desenvolver, isso é, o assunto do que trata o texto bíblico.

               Sermões Expositivos
               O método de pregação expositiva tem sido pouco cultivado na atualidade, porque é o método que mais exige da parte do pregador.
               O sermão expositivo tem por função tornar claro o texto bíblico, expondo o conteúdo exegético que o texto encerra. Ele se ocupa da interpretação literal ou figurada da passagem bíblica selecionada para ser explanada.
               A palavra expor deriva de duas outras do latim: ex e ponere. O prefixo ex significa “fora” e ponere quer dizer “colocar”. Objetivamente um sermão expositivo é aquele que externa, que mostra, ou expõe uma verdade contida num determinado texto das Escrituras.
               O sermão expositivo é essencialmente bíblico. Sua divisão é feita de forma lógica e cronológica, para que o ouvinte acompanhe com clareza o raciocínio do pregador.
               O sermão expositivo é desenvolvido empregando quase sempre mais de um versículo. Normalmente e texto selecionado para o sermão expositivo inclui vários versículos, ou um capítulo, ou ainda vários capítulos ou mesmo um livro todo.
               A preocupação primordial que o pregador deve ter na elaboração de um sermão expositivo é a de explanar o texto, isto é, dizer exatamente aquilo que o texto quer dizer.

O obreiro do Senhor por mais simples que seja deve ter sempre uma palavra apropriada para momentos específicos. Esses momentos específicos às vezes aparecem de forma inesperada, e entre outros posso destacar os seguintes:
- Evangelístico: que tem por objetivo a evangelização, deve ser sempre elaborado para este fim, ministrado de forma a conquistar os pecadores para a Reino de Deus.
- Doutrinário: o objetivo deste é o de instruir o crente, no sentido de fazê-lo entender as verdades bíblicas, despertando nele o interesse de aplicar essas verdades em sua vida.
- Exortativo: é aquele que em tudo motiva o crente a se despertar, animar, e se houver cometido pecado, que se arrependa e se levante para continuar firme na presença do Senhor. O sermão exortativo nunca deve ser exposto de forma a constranger o crente, mas alegrá-lo de forma que ele mesmo entenda sua falta perante Deus e assim reabilite sua fé.
- Biográficos: são aqueles no qual o pregador fará menção de pessoas – quer sejam líderes na Igreja ou mesmo personagens bíblicos.
- Expositivos: são aqueles que de forma exegética, observando a semântica, a hermenêutica, a homilética, expõem um versículo, ou um capítulo ou até mesmo um livro da Bíblia.

- Ocasionais: estes são os que mais pegam o obreiro de surpresa – por exemplo:
- Acadêmicos: são sermões recomendados para formaturas, colação de grau e outros atinentes.
- Congressionais: 
estes são destinados a congressos, convenções, encontros regionais, nacionais, ou até mesmo internacionais.
- Magistral: são apropriados para Escolas Bíblicas, Faculdades Teologias, conferências didáticas, foros para esclarecimentos sobre assuntos relevantes e de interesse da Igreja junto ao poder público – Constituição federal – Código Civil, Penal e outros. Essa forma de aplicação da palavra é chamada de Preleção, e deve ser ministrada por pessoas com formação acadêmica secular e teológica, de preferência que tenha formação em direito.
- Casamentos
:
 são oportunidades para que o obreiro fale da família como instituição divina e de sua proteção da parte de Deus e do Estado.
- Fúnebres: nem sempre o falecido é crente; daí a necessidade de um cuidado especial a fim de que não cause constrangimentos à família. Todavia este é um momento propício para se falar de Jesus, da salvação por ele trazida a este mundo e da vida futura na eternidade.
- Consagratórios: 
são usados nas consagrações de obreiros em geral, tais como: auxiliares de trabalhos, diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores. E para as Igrejas que adotam mulheres no trabalho da Igreja, como diaconisas e missionárias.
- Dedicação: nas inaugurações de Templos - lançamento de Pedra Fundamental e outros afins.
- Outros: 
comemoração de quinze anos de moças, noivados, apresentação de crianças; bodas de prata, ouro e outras; culto de ação de graças.

Em quaisquer das situações acima o ministrante deve ter acima de tudo, sua palavra temperada com o sal, conforme recomenda o apóstolo Paulo em sua carta aos Colossenses 4:6: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um”.
Antes que o obreiro exponha para o público seu sermão ele deve falar primeiramente com Deus, pedindo para que suas palavras sejam temperadas, e para que Deus assuma o primeiro lugar em sua vida, dispensando a ele a unção do seu Santo Espírito. Partindo deste ponto ele deve então fazer um primoroso estudo, usando materiais próprios, como a Bíblia, é sempre bom que o obreiro tenha à sua disposição a versão Revista e Corrigida – SBB/1995; uma Revista e Atualizada – SBB; entre outras, como a NTLH, NVI, VIVA, Aplicação Pessoal/CPAD, Pentecostal; um Dicionário Bíblico; uma Pequena Enciclopédia de Orlando S. Boyer; Revistas da Escola Bíblica Dominical da CPAD arquivadas por assunto, Revista O Obreiro Aprovado da CPAD e se possível outros livros do gênero que são encontrados na CPAD – Casa Publicadora das Assembleias de Deus.

IMPORTANTEÉ de suma importância que o pregador observe o tom da sua voz, se esse não está acima ou abaixo do limite necessário ao ambiente. Estando abaixo ele perderá tempo em pregar, porque o auditório não vai entender nada. Isso vai depender muito da aparelhagem de som do ambiente. Se o som estiver acima do limite, vai ser outro desperdício, visto que, estamos vivendo o tempo de uma geração “surda” ou “alucinada” porque não há som que lhes satisfaça se esse não estiver arrebentando os tímpanos dos ouvintes – nesse caso o pregador deve observar se o som está compatível com o ambiente, e se está compreensível; se não está prejudicando as criancinhas, os idosos, as pessoas hipertensas, e até mesmo aquelas que já fizeram AVC, foram infartadas ou estão vulneráveis a esses males.
O pregador nunca deve encostar a boca no microfone e nem segurá-lo pela grade (bola) para que seu som não sair rachado piorando ainda mais aquilo que às vezes já não estava tão bom. Nunca bata e nem assopre no microfone, apenas fale.
Como Jesus, o pregador jamais poderá desprezar o sistema “homilia”, pregar como que se estivesse conversando familiarmente afim de que sejam entendidas suas palavras. Nunca usar aparelhos eletrônicos em ambientes pequenos onde os ouvintes podem entender sem uso destes.

CUIDADOS COM A PRÁTICA DA EIXEGESE A SEREM OBSERVADOS NAS PREGAÇÕES
“Enquanto a exegese consiste em extrair o significado de um texto qualquer, mediante legítimos métodos de interpretação; a eixegese consiste em injetar em um texto, alguma coisa que o interprete quer que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a eixegese força o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que na verdade não se acha lá.

Muitos hoje preferem manipular os textos bíblicos, preferem inventar doutrinas e forçar o texto a dizer o que de fato ele não diz, esta é a razão de muitas seitas que disseminam heresias, ensinos que conduzem ao inferno, pelo simples fato de contrariar a sã doutrina.
Que fiquemos atentos, e preparados, pois a Bíblia não diz nada além do que ela dizia a 2000 anos atrás.

Quando estudamos um texto é necessário primeiramente entendê-lo “Naquele tempo e lá”, ou seja, no tempo e lugar onde o texto foi escrito, para depois entendê-lo “Agora e aqui”, ou seja, nos nossos dias, após isso se dará a “Aplicação do texto” e em seguida a “Pregação (ensino)”.
O texto analisado da forma “Aqui e agora” tem uma distância enorme do texto “Naquele tempo e lá”. A distância do “agora e aqui” e “naquele tempo e lá” se da pela:
1 – linguagem, 2 – cultura, 3 – geografia, 4 – história, 5 – filosofia.” (Fernando Giatti  em www.teologandofernando.blogspot.com.br).
    
A eixegese hoje é largamente usada pelos pregadores inconsequentes, que forçam levar a Igreja ao delírio, à gritaria, à emoção, e até mesmo a forçar os irmãos a falarem em línguas estranhas sem a manifestação do Espírito Santo de Deus, tudo em detrimento da genuína  mensagem do Evangelho de Cristo e o que configura pecado.

Pastor Jorge Albertacci / Volta Redonda, Setembro de 2012
Jubilado da Catedral das Assembleia de Deus em Volta Redonda, Rio de Janeiro – CONFRADERJ 1135 / CGADB  10092 / OMEBE 8122
Evangelista Genilson de Jesus Shaffer 
Sâmela Albertacci Tona.

BIBLIOGRAFIA
A Exegese e suas falácias – Perigos na interpretação da Bíblia – D. A. Carson – Sociedade Religiosa Edições Vida Nova
A Homilética, a Ética e os Pregadores da Pós-Modernidade – Carlos Alberto Melo - CPAD
Guia Básico do Obreiro – José Vasconcelos - CPAD
Hermenêutica Fácil e Descomplicada - CPAD
Hermenêutica - Editora Vida
Princípios de Hermenêutica - EETAD
Homilética O Pregador – Editora JUERP – Rio de Janeiro
Sermão e seu Preparo – Editora JUERP – Rio de Janeiro
Homilética Falando de Deus aos Homens - EETAD

fonte google